O que fazer quando o casal não se dá bem na hora 'H'?

    Assunto complicado, delicado e polêmico...



    M, foi casada por quase seis anos. Conheceu o marido numa sala de bate-papo da internet e os dois marcaram um encontro no mesmo dia. "Tivemos um entrosamento desde o começo", lembra. A moça planejava montar um apartamento em São Paulo e se mudar para a capital - e o rapaz, que já morava na cidade, acabou participando de tudo. "Como ele me ajudou a montar, o apartamento ficou sendo nosso", lembra Gilda. Daí para o casamento foram apenas alguns meses.

    Mas a vida a dois foi muito conturbada. O sogro da moça estava acamado, por isso o casal morava com ele e mais duas enfermeiras. Ou seja, nunca ficavam sozinhos em casa para ter aquela lua-de-mel. Depois, Gilda teve depressão e precisou "curar-se na marra", quando o marido sofreu um enfarte. Quando conseguiram finalmente morar sozinhos e em paz, o interesse sexual já não existia há mais de um ano. "Além de tudo, eu engordei uns 20 quilos quando tive depressão. Mas acho que se um sentisse desejo pelo outro, teríamos retomado a vida sexual ativa. Só que não aconteceu".



    O casamento terminou há alguns meses, porém ambos continuam amigos e parceiros. Assim como M. e o ex-marido, alguns casais sofrem com problemas relacionados à sexualidade, como a incompatibilidade. E, infelizmente, "são poucos os que conseguem chegar a um consenso satisfatório para ambos", afirma o psiquiatra e psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos, autor do livro "Ciúme, o lado amargo do amor" (Summus Editorial, 2007).

    Ele explica que a incompatibilidade na cama pode acontecer tanto no início do relacionamento quanto depois de anos de convivência. Além da baixa libido, o fato de uma pessoa ser mais recatada que a outra, gostar de certas carícias ou ter fetiches e fantasias também pode atrapalhar a química na hora do sexo. "Isso porque o homem é um ser biopsicossocial. Então, esses três fatores - biológicos, psíquicos e sociais - interferem na sua maneira de viver", explica o especialista. Assim, uma pessoa pode nascer com componentes genéticos que indicam maior predisposição ao sexo. Se ela for criada num lar mais liberal, poderá desenvolver ainda mais a sexualidade. Da mesma forma, outro indivíduo pode nascer com menos predisposição e, por consequência, ter a libido mais baixa.


    Quando o casal percebe as diferenças do que preferem na cama, é sinal de alerta. Se for no começo da relação, é bom pesar prós e contras e conversar com o parceiro ou parceira a respeito, para descobrir o que pode estar errado e entrar num acordo. Não vá "empurrando com a barriga" e nem acredite que melhora depois de uns meses. Isso é ilusão.

    Agora, se a casal está junto há algum tempo, tinha uma vida sexual satisfatória e, depois de certo momento, não rola mais a química, a causa tem grandes chances de estar no próprio relacionamento. "Sexualidade é distintivo de um problema na relação", aponta o psicoterapeuta. A dica aqui é descobrir e consertar o que tem desgastado a vida a dois.



    Só que nem sempre a causa está em situações ligadas ao namoro, noivado ou casamento. É preciso que ambos estejam atentos a fatores externos. A falta de sintonia pode estar relacionada ao estresse, cansaço constante, menopausa e doenças como diabetes - que interfere na potência masculina, depressão - interfere no desejo de ambos -, hipo ou hipertireoidismo - que pode desestabilizar a pessoa de forma geral. Então, vale uma consulta médica caso haja suspeita de algum desses males.

    O caminho é o mesmo para tratar ou fugir da incompatibilidade sexual. "A melhor saída ainda é a velha discussão de relação", pontua Eduardo. Tudo porque o sexo é apenas uma parte do relacionamento; se ele não vai bem, é sinal de que todo o resto precisa ser analisado, e vice-versa.



    E essa discussão deve acontecer o mais rápido possível, antes que o interesse um no outro se acabe ou pior, os dois vivam brigados porque estão descontentes com a vida sexual. "A sexualidade pode sim melhorar, porém depende de ambos estarem abertos ao diálogo franco", diz o psicoterapeuta. E, claro, a disposição para abrir mão de algumas coisinhas e entrar num consenso faz a diferença.



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