Vida sexual monótona estimula fascínio por Cinquenta tons


    Sexo *baunilha ou sexo sacana? 




    "Ao ver essas reações femininas de encantamento com Mr. Gray, e ao ouvir e ler sobre o estímulo que essa leitura trouxe para as mulheres, imagino o quão pobre ou no mínimo sem graça andava a vida sexual dessas mulheres"


    Quando acabei de ler a trilogia dos Cinquenta tons de cinza esse foi o principal questionamento que mobilizou conversas com amigos, colegas profissionais e pacientes.

    Pessoas mais rígidas acham um absurdo mulheres lerem em público - metrô, ônibus, fila de espera - esses livros com descrições de cenas sexuais.



    Vejo essa trilogia como um conto de fadas moderno com conteúdo sexual, plausível em qualquer relacionamento do século XXI. Uma atualização do príncipe que encontra a mocinha donzela (na maioria das vezes uma menina de pouco poder social ou financeiro) e a leva para viver em seu castelo.

    Cristian Gray não é um príncipe, mas um bem-sucedido empresário, jovem, bonito e sensual (uau!) com um poder sexual que pode parecer "estranho" à primeira vista por seus fetiches controladores e pelo uso de acessórios sexuais, que vão se flexibilizando à medida que se vê apaixonado pela jovem Ana (pasmem!) ainda virgem no ultimo bimestre da universidade e que o aceita com suas 'manias' e aprende a tirar prazer dessas vivências diferentes que incluem chicote, algemas, vendas, presilhas para mamas ou apetrechos para penetração vaginal ou anal.



    Ela se apaixona e tem um ar cuidadoso pelo homem sem interessar-se pelo status, carros, presentes, joias, roupas que esse jovem pode proporcionar a ela. É ou não um conto de fadas moderno?
    Quantas milhares de leitoras passaram a alimentar fantasias do quanto gostariam de encontrar esse homem controlador e viver uma tórrida história de amor e sexo?

    Mas ao ver essas reações femininas de encantamento com Mr. Gray, e ao ouvir e ler sobre o estímulo que essa leitura trouxe para as mulheres, imagino o quão pobre ou no mínimo sem graça andava a vida sexual dessas mulheres e seus parceiros.

    O quanto que as pessoas não podem deixar suas relações perderem o carinho e a sensualidade a ponto de acharem lindo o sexo baunilha do livro, e a se entusiasmarem tanto com umas pitadas de erotismo das descrições de sexo e do uso de apetrechos sexuais em uma relação.

    Como o entusiasmo do namoro, a sacanagem de amassos da vida de solteiro que levava ao sexo caliente se perdeu?



    Os casais se distanciam e passam a viver uma vida morna e solitária responsabilizando a gravidez, o cansaço com filhos, trabalho ou a preocupação com o dinheiro, ou a famosa rotina da vida a dois como causas desse esfriamento. Como se essas questões não fossem uma responsabilidade de cada parceiro da relação em estar atento e não deixar morrer a noção de que precisamos investir em tempo para continuar a ser casal. Afinal, os filhos vão crescer e irão embora para seguirem suas vidas.  E a qualidade de vinculo afetivo e sexual que você alimentar no decorrer de seu relacionamento é que trará a continuidade dessa relação mais quente ou não.

    Se permitir viver coisas novas, é uma necessidade para a sobrevivência erótica da relação homem-mulher. É importante que ambos percebam que podem:

    - buscar ousar, experimentar seus sentidos;

    - brincar com fantasias, fetiches e experimentar apetrechos sexuais que podem ser desde uma venda, um creme/gel com sabor para lambuzar e desfrutar da sensação de saborear o corpo;

    - brincar com massageadores, penas, chicotes que podem ser desde o de cetim até o mais real de corino;

    - brincar com algemas que podem ser de tecido, couro ou metal;

    - brincar, sensualizar e sacanear como nas descrições tão admiradas pelos leitores de Cinquenta tons.



    Mas viver a dois implica em cumplicidade, carinho e por isso o sexo baunilha pode e deve existir como uma demonstração do quanto é gostoso estar juntos.

    Mas afinal ... sexo baunilha ou sexo sacana? Qual você prefere?

    Que tal se permitir viver os dois?

    * Sexo básico, carinhoso, com sensualidade e carícias tipo papai-mamãe

    por Arlete Gavranic







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